Devemos dar uma atenção especial às dores da criança. Isto porque, elas podem significar a presença de enfermidades graves no organismo delas. Por isso, o diagnóstico para dores do crescimento, somente será definitivo, após a exclusão de alguns sintomas que mencionarei nesse texto. Alguns pais, acham que a criança chora e se queixa de dores para chamar à atenção, contudo, não recomendo que vocês pensem dessa forma, toda dor infantil deve ser considerada, examinada e avaliada pelo pediatra.
Quando os pais relatam que seus filhos apresentaram dores nas pernas, eu costumo fazer um exame detalhado sobre elas. Estudar cada informação trazida pelo pai e pela criança, no caso das maiores que já possuem uma capacidade de comunicação melhor.
Pergunto se as dores são persistentes, frequentes e se houve alteração na marcha da criança. Pergunto se houve perda de peso ou apetite, procuro por inchaços no local da dor, vermelhidão, pergunto aos pais se houve febre, letargia e dores isoladas nas articulações da criança.
Verifico se houve rigidez e redução na mobilidade nos membros doloridos. Tenho todos esses cuidados para evitar um diagnóstico equivocado de dores do crescimento. Isto porque, os sintomas que relacionei acima, são sinalizadores de doenças graves tais como: tumores, traumas, lesões ósseas, doenças vasculares.
Somente poderei diagnosticar as dores nas perninhas dos meus pacientes como, dores do crescimento, após a exclusão dos sintomas citados. Pois dessa forma, não corremos o risco de confundir uma patologia grave com dores do crescimento.
O diagnóstico de exclusão é a melhor forma de evitar que uma enfermidade grave passe desapercebida, e também é a forma mais segura de diagnosticar as dores do crescimento. Tendo em vista que o tratamento para traumas, tumores e doenças vasculares serão diferentes do tratamento para dores do crescimento.
As dores do crescimento, são benignas, não estão associadas ao crescimento infantil e suas causas ainda são desconhecidas. Há uma corrente na literatura médica que associa as dores à acomodação das epífises ósseas, contudo não há comprovações disso, portanto continuamos sem saber, de fato, as causas das dores de crescimento.
Elas são frequentes em crianças de 3 até 12 anos de idade, principalmente naquelas entre 3 e 5 anos , bem como nas mais velhas entre 8 e 12 anos. Costumam aparecer no período noturno e não são diárias. Podem ser intensas e acompanhadas do choro da criança.
Geralmente ocorrem nos membros inferiores, tais como: coxa, panturrilha, canelas, atrás dos joelhos. As dores ficam concentradas nos músculos e não nas articulações. Habitualmente são bilaterais, aparecem e desaparecem.
Elas costumam ocorrer à noite e de madrugada, mas na manhã seguinte a criança acorda sem os sintomas e livre de qualquer limitação física. A maioria dos pais observa a ocorrência das dores, após um dia exaustivo de atividades físicas ou brincadeiras. Todavia, isso não impede que elas ocorram com a criança em repouso, haja vista que, não há relação direta entre a dor e as atividades físicas.
Não há tratamento específico para dores do crescimento, portanto, a minha recomendação é aliviá-las por meio de massagens, alongamentos e compressas. Em casos de crise mais intensas, poderão ser prescritos analgésicos ou anti-inflamatórios. Contudo, advirto que a criança somente deverá ser medicada, em último caso, sob a orientação do pediatra.
As dores não impedem que a criança seja ativa e nem que ela pratique atividades desportivas, não prejudicam o crescimento e nem desenvolvimento dela. A dor só causa incômodo e desconforto. Mas, tende a desaparecer sozinha com o tempo.
É muito importante que os pais não ignorem as dores dos seus filhos, pois elas podem estar sinalizando a presença de uma enfermidade grave no organismo deles. Portanto, fiquem atentos aos seus filhos, busquem o pediatra sempre que necessário para a investigação de sintomas frequentes e realização de exames laboratoriais, e de imagem detalhados, a fim de que eles possam ser diagnosticados e tratados adequadamente.
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